16.3.24

OS SENTIMENTOS DA MÚSICA




 

Indefectíveis e distintas

são as estrelas de Viena.

 

Em todos os violinos

ouve-se uma cadência

 

a alumiar o silêncio.

 

Com frases musicais

se apura o dialecto do ar.

 

Beethoven e Mozart

transmitem de rua em rua

 

os sentimentos da música.

J. Alberto de Oliveira



4.3.24

A NOSSA ARTE


 

A arte do lusíadas, ou por assim dizer, a nossa arte, deve-se ao movimento dos ventos e das grandes águas que nos levaram “por mares nunca de antes navegados”, dando “novos mundos ao mundo”, no sentido épico de Camões.

J. Alberto de Oliveira


23.2.24

POESIA

 

                                                                                                          Desenho de Manuela Barbosa


J. Alberto de Oliveira nasceu em Santo Tirso, em 1945. Cursou Teologia. Franciscano, poeta e professor (aposentado).

Legente da intimidade musical. Escreve para, muito simplesmente, apurar a cadência do verso que falta ouvir. Muito cedo, aprendeu a dizer de si para si: “a conjura da sensibilidade e do pensamento, por vezes, faz de mim um clandestino que não sabe onde está”.

A deiscência acontece quando a alma e seus sentidos ficam disponíveis para a liberdade livre.

Emblematicamente – super foetida flumina.

 

Com o nome José Alberto de Oliveira publicou (poesia):

Alegria Irrecusável – 1974

Nos Vidros da Noite – 1983

A Ilha dos Amores – AJHLP, 1984 (obra colectiva)

 

Com o nome J. Alberto de Oliveira (poesia):

 

A Água do Nome – Edições Afrontamento, 1998

O Som Aproximativo – Edições Afrontamento, 2005

Palavras Escolhidas – Cadernos Nó Cego (1), 2005 (plaquete, fora de mercado)

No Linho Verbal – Cadernos Nó Cego (2), 2006 (plaquete, fora de mercado)

7 X 7 Versos – Cadernos Nó Cego (3), 2008 (plaquete, fora de mercado)

O Anjo Inefável – Cadernos Nó Cego (4), 2012 (plaquete, fora de mercado)

Entrepoemas – Edições Afrontamento, 2014

O Mês Maio da Mãe – C.Art – 2015

Das Varandas de Ver – Cadernos Nó Cego (5), 2017 (plaquete, fora de mercado).

Manu Scripta – Antologia de Poemas Manuscritos (obra colectiva), Ed. Glaciar, 2018

O Triunfo da Música (Poemas com desenhos de Luandino V. – plaquete, fora de mercado), Ed. Porta Treze, V. N. Cerveira, 2019

 

Em espera:

A Tela Tangível (poesia)

Gramática de Versos (poesia)

Num Pé d’Água (poesia)


Desenho de Manuela Barbosa


12.2.24

OS ANJOS DO POETA


 

OS ANJOS DO POETA

       para Alícia

 

Não são as cinzas do tempo.

 

São os anjos do poeta

que assediam os muros da casa.

 

E quando menos se espera

entram pela janela adentro

 

pedindo alguns versos para ficar.

J. Alberto de Oliveira


6.2.24

O CORAÇÃO DO SOL


 

O que falta nos meus olhos

para que eles possam ver

 

o coração abrasivo do sol?

J. Alberto de Oliveira


18.1.24

TRADUZINDO O LUME


 

Num jogo de furtivas adivinhas

trocavam entre si respostas

 

e sonhos que eram perguntas.

 

A essência

vinha de pinhas acesas

 

que ardiam até ao fim

traduzindo o lume.

 J. Alberto de Oliveira


29.12.23

CORES FALANTES


 

Quando em menino eu via um arco-íris ficava muito pensativo diante daquele desenho de cores. Imaginava que ele se devia ao movimento dos anjos ou simplesmente era um arco a levar água para as nuvens nos darem mais chuva. Só mais tarde nas coisas que se aprendem na escola vim a saber o que é o arco-íris.

Mas não fiquei muito contente com as explicações científicas.

Gostei mais de um brevíssimo conto plausível de Carlos Drumond de Andrade. Diz que um dia viu uma tapeçaria onde havia duas cabeças comunicantes, de cujas bocas saem sopros coloridos que, juntando-se, formavam um arco-íris.

Conta o poeta brasileiro:

 “Quem colar ouvido ao estofo, e tiver sensibilidade, escutará esse arco-íris, em sua linguagem murmurejante, contando coisas extraordinárias, passadas no coração do homem e da mulher, pois trata-se de um casal.”

E quase a concluir esclarece:

“As confidências são altas, não porque se exprimam em tom de voz elevada; são altas em si, pela importância do significado, pelo conteúdo patético da informação, que só a cor pode captar bem e, bem captado, se transforma em som, mas só para ouvidos especiais.”

 As cores falantes do amor talvez sejam as do arco-íris. Ouvem-se no segredo, em palavras sentidas pelo silêncio de quem ama.

J. Alberto de Oliveira